domingo, 8 de maio de 2011

Memória e patrimônio: ensaios contemporâneos

ABREU, Regina; CHAGAS, Mário (orgs.). Memória e patrimônio: ensaios contemporâneos. 2ª Ed. – Rio de Janeiro: Lamparina, 2009.


CARVALHO, Tamiris[1]
ROSSI, Daiane Silveira²

O livro “Memória e patrimônio: ensaios contemporâneos” que será resenhado subdividem-se em cinco blocos temáticos: I- Patrimônio, natureza e cultura; II- Memória e narrativas nacionais; III- Memória e narrativas urbanas; IV- Memória e etnicidade; V- Memória e reflexidade. Os artigos que compõem os eixos temáticos são frutos de seminários do Programa de Pós- graduação em Memória Social (PPGMS) e do Centro de Ciências Humanas da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio); de reuniões da Associação Nacional de Pós- Graduação em Ciências Sociais e da aula inaugural do PPGMS do ano de 2000. Atualmente na sua 2ª edição, publicada em 2009, esta obra merece destaque por propor novos olhares para a relação entre natureza e cultura, propiciando a compreensão entre patrimônio e memória como uma construção que se faz a partir do intangível.   
Em “Patrimônio, natureza e cultura”, primeiramente o autor José Reginaldo Gonçalves aborda o que é patrimônio, onde a noção do mesmo se confunde com bens móveis, no entanto, considera-se a música, a dança, culinária, ou seja, bens imateriais também como patrimônio. Em seguida temos o artigo de Regina Abreu onde a autora procurou destacar o histórico da noção de patrimonial no mundo e salienta os debates atuais a respeito de patrimônio genético, através da biodiversidade. Márcia Sant Anna também aborda o histórico do patrimônio, porém tratando-se de Brasil, através da concepção  andradianas. Ainda tratando-se de patrimônio cultural brasileiro, Maria Cecília Londres Fonseca az um retrospecto do sentido que os monumentos expressam na população, a maneira extra textual com que eles os atingem, ou seja, o processo histórico que representam. Rubem George Oliven em seu artigo relata como se deu a legislação patrimonial no Brasil, com ênfase aos debates atuais sobre a definição dos bens imateriais. Regina Abreu menciona o programa criado pela UNESCO, intitulado “Tesouros humanos vivos”, que definiu como ação prioritária a valorização dos mestres em diferentes ofícios. No último capitulo Mário Chagas, para encerrar este bloco, trata os bens tangíveis e intangíveis, defendendo a ideia de preservar não apenas os bens materiais como também os bens imateriais.
 “Memória e narrativas nacionais”, o primeiro capitulo de Myrian S. dos Santos, a autora menciona a criação dos primeiros museus brasileiros cujos objetivos eram a exaltação das monarquias, ou seja, museus com caráter nacionalista. O texto de Mário Chagas enfatiza a memória política e política de memória no início da primeira república, onde o mesmo analisa a pintura histórica de Aurélio de Figueiredo, denominada “Compromisso Constitucional” de 1896.
 “Memórias e narrativas urbanas”, José Reginaldo Santos Gonçalves postula as relações entre os museus e os espaços urbanos. Para isso vai tratar de três conceitos básicos: narrador, narrativa e informação, relacionando-os com dois personagens típicos das metrópoles o flâneur e o “homem da multidão”, que juntos representam dois públicos bem distintos dentro do museu-narrativo e a flâneire. Todas essas correlações foram elaboradas para demonstrar as relações que existem entre visitante e a museologia. Já o texto de Vera Beatriz Siqueira, vai dar o exemplo de um museu inserido propositalmente em um local urbano privilegiado, onde a vista que se tinha de lá pudesse ser mais um “objeto museal” de sua coleção: o museu do açude / RJ. Na sequência, o artigo de Cláudia Cristina e Mesquita Garcia Dias também aborda aspectos da identidade carioca, através da criação do Museu de Imagem e do Som (MIS) ou Museu de Fronteira, no entanto um espaço propício para exaltar a cidade e ser memorialista, adequou-se a um caráter de regionalismo impar, através da negação do regional. 
 “Memória e etnicidade”, em seu primeiro artigo, de José Ribamar Bessa Freire, irá mencionar as experiências indígenas como forma de organizar a memória e revigorar a identidade dos índios: Museu Magüta e a Embaixada dos povos da floresta; duas grandes exposições Museu Amazônica e o Museu Paraense Emílio Goeldi e dois projetos Museu aberto do descobrimento e o Museu do índio de Brasília. No último texto desse eixo, de James Clifford, o autor destaca experiências de museus britânicos que evidenciam a cultura indígena de maneira a romper paradigmas de preconceitos. Além de exemplificar algumas exposições através de uma museografia contemporânea e inovadora.
Por fim, “Memória e reflexidade” contêm apenas o artigo de Luiz Fernando Dias Duarte, onde menciona o ensaio teórico a respeito de memória através de comparação de culturas e reflexões sobre a função que a memória exerce na sociedade.  
Através da análise do livro resenhado, concluímos a relevância que a obra possuí para assuntos relacionados ao histórico da preservação do patrimônio, às novas tendências patrimoniais, através de museus envolvendo diversas etnias, além de tratar de assuntos que estão em voga a respeito da salvaguarda de bens imateriais.


[1] Integrantes do grupo de estudos: Patrimônio e Memória: casos e descasos.

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